26/04/2016

E agora, Cecília?


Tirei um tempo para mim, pois, sabe Cecília, tenho estado distante de quem sou. Peguei esse tempo, fui fundo dentro de minha alma. Mergulhei nas profundezas de minhas incertezas, nos martírios de minhas derrotas, e me vangloriei na vitória. 

Sabe, Cecília, por muito tempo me esqueci de você. De mim. De quem já fui. De quem sou. De quem um dia eu pretendi ser. E notei que estava tão alheia à mim mesma, que não passava de uma escritora falida sem ter tentado. 

Cecília, eu juro que tentei me manter de cabeça erguida quando o raio forte do sol bateu em minha retina. Juro que jurei a mim mesma nunca mais desanimar, e toda vez que isso acontecesse, eu tentaria me reinventar.

É isso o que tenho feito sempre, não é, Cecília? Eu sempre invento um caminho de volta quando me perco na multidão, mas tenho medo de ficar presa nele para sempre. E o que eu faço agora, Cecília? Posso ir embora e deixar tudo o que conquistei, para trás? Posso seguir adiante, e buscar mais?

E agora, Cecília? Como faço se o sentimento ruim já não me pesa a alma? Como faço se nem sentimento bom me permeia, pois já não sou mais uma pessoa tão pura em sentimento? Eu já não sinto. Me falta culpa. Me falta remorso. Me falta amor. Me falta ódio. Me falta sentir. 

Quero voltar atrás e buscar um pouco de quem eu era, para construir quem eu devo ser, daqui para a frente. E agora, Cecília? Você me ajudará quando eu estiver perdida na escuridão, ou terei que enfrentar isso sozinha mais uma vez? 

Um comentário:

  1. Legal termos um alterego pra analisar nossas atitudes. Isso é muito importante.
    Belo texto!

    http://jj-jovemjornalista.blogspot.com.br/

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