Notei que gostaria de ser uma escritora, quando via tantos livros que meu pai tinha em sua estante, mas eu ainda não sabia lê-los. Meras palavras desconhecidas para mim, uma criança que aprendeu a ler mais tardiamente do que as crianças da própria idade. Queria dar forma às ideias que emaranhavam minha mente, mas não sabia escrevê-las. Já queria ser uma escritora antes mesmo de saber escrever.
Tempos mais tarde, me vi percorrendo os olhos pelas páginas majestosas dos livros de capa dura de enciclopédias. Ou, aqueles gibis da Turma da Mônica que sempre que dava, meu pai trazia um para mim. Me divertia com as folhas desenhadas do Maurício, tanto quanto com aqueles livretos de contos de fadas. Ah! E como se não bastasse, era louca para chegar logo o dia em que eu teria a coragem de ler um livro maior. Sempre paquerei Frankestein da estante, enquanto olhava de esguelha para O Médico e o Monstro.
O primeiro livro da minha vida, não foi nenhum desses. Não, Senhor! Foi aquele livro semi novo do Ignácio de Loyola Brandão que eu havia ganhado do meu primo. Cadeiras proibidas! Contos com gostinho brasileiro e levemente fantásticos. Anos depois, quando entrei no Ensino Médio, consegui um autógrafo do autor para a minha edição semi nova de seu livro.
Ah, e abandonei os brasileiros por um tempo. É elementar, meu caro, que conheci gêneros capazes de remexerem com tudo que havia dentro de mim. Romance policial? Fala sério! Como não desejar ter a perspicácia do Hercule Poirot, e a personalidade do Sherlock Holmes? Ou, até ficar meio neurótica tentando imitá-los. Mas se dar conta de que dedução não é bem seu forte, embora tenha perspicácia e personalidade suficientes para ternar-se uma detetive.
Notei que gostaria de ser uma escritora! Foi aí, então, que isso voltou a acontecer. Só ler livros? Não! Isso não é suficiente para mim. Preciso colorir cada borboleta que permeia meu estômago. Dar novas formas a elas, e brincar com cada uma. Sempre precisei escrever. E imaginar. E escrever imaginando outras possibilidades de realidade para fugir desse vazio tão incólume que costumava ser o meu quarto, quando eu despia minha alma e tinha um encontro íntimo comigo. Quando, eu olhava para mim mesma, e não via a nada. Apenas, um enorme vazio, que preenchia-se a cada toque que meus dedos davam na caneta, e através de uma letra trêmula, escrevia certo por linhas tortas, meras palavras que invadiam minha mente juvenil.
Precisava encontrar uma razão para mim mesma. Então, desde cedo, comecei a escrever. Ou talvez, o grande encontro tenha ocorrido naquela tarde em que fui numa banca de revistas. Vi uma, daquelas para adolescentes, e resolvi levar. E veja bem, para alguém que sempre gostou de escrever e havia encontrado em Harry Potter uma paixão gigantesca, ter encontrado justo naquela edição da revista uma matéria falando sobre a Floreios & Borrões, site no qual fãs postavam estórias alternativas sobre a Saga.
Foi ali, que notei que possibilidade de ser uma escritora. Mas isso, como profissão, não mais como um hobby para fugir da realidade aterradora que me cercava. Pensando bem, sempre tive grandes motivos para ser escritora. Já lhe contei da vez em que minha tia me presenteou com uma máquina de escrever? E a primeira coisa que eu fiz foi testá-la de diferentes formas possíveis. Foi escrever bobagens aleatórias, e até mesmo, uma versão mais divertida para Os Três Porquinhos.
Dizer que ganhei uma máquina de escrever na infância, faz com que eu pareça uma velha. Mas eu tenho apenas 18, e sonhos que ultrapassam os limites de idade. Mas, me entenda bem, a máquina de escrever foi o primeiro contato direto que tive com a escrita. E isso foi à 10 anos atrás. Já posso parecer uma velha para você?
Por volta dos meus 14 anos, tive a certeza mais absoluta de que a não havia mais jeito. Não tinha como fugir, pois as palavras já haviam me prendido em uma grossa corrente. Haviam me prendido, ao desejo mais do que aterrador de ser uma escritora.
Notei que gostaria de ser uma escritora, quando aos 14 anos, eu não queria uma festa de 15! Não, meu caro! Não que tivéssemos condições para isso, mas a única coisa que desejei quando meus tão sonhados 15 anos se aproximavam, era poder ter um espaço só para mim, para passar aquele dia fazendo a única coisa que minha alma tão ansiava: escrever!
Mas o destino me surpreende com suas ironias. Veja bem, eu não poderia controlar os eventos catastróficos que se sucederam, mas a minha avó materna veio a ter um AVC justo dois dias antes da bendita data. Que os céus a tenham nesse momento! Mas aquilo foi um choque para a família toda. Pois é! Horrível! Mas devo lhe confessar agora, algo que nunca disse para ninguém: assim que o relógio deu Meia-noite, para o dia em que finalmente eu faria 15 anos, abri o bloco de notas do meu celular. E ali, comecei a encher algumas linhas rapidamente. Aquele, seria o primeiro esboço do meu livro. Hoje em dia, ele já está pronto.
Bem, praticamente! Então, um tempo depois, já não contendo mais aquela vontade avassaladora de escrever, mas não apenas para mim, decidi por fazer um blog. Há exatos três anos atrás. E tenho que confessar que essa tem sido uma experiência gratificante. Aprendi tanto! E levando em consideração alguns e-mails e comentários que recebo, posso perceber que alguns de vocês também levaram um pouco de "Juliana Rodrigues" para suas vidas.
Ou através dos textos. Ou pelas dicas. Mas de qualquer modo, sou grata por ter feito parte de você. E por você, ser uma parte de mim também. Algum tempo atrás, criei uma pasta em meu e-mail intitulada "Leitores". Todos os comentários do blog que chegam lá, eu encaminho para essa pasta. É uma forma tão simples que encontrei para manter cada um de vocês, mais perto de mim. Olha só, escrever pode ser minha paixão, mas sou grata por ter cada um de vocês por aqui. Para não desistir.
Afinal, quando a vida pesar, o jeito é apenas persistir. Insistir. Mas nunca desistir. E se me perguntar qual é o meu sonho, apenas leia o título do blog. Ele já traduz exatamente quem sou. Quem fui e quem ainda serei!
Uma escritora.
Quem sempre fui,
Mesmo que por vezes,
Não tenha sido capaz de notar.
Quem sempre fui,
Mesmo que por vezes,
Não tenha sido capaz de notar.
Uma escritora.
Quem sou,
E sempre que fujo das palavras,
Elas me envolvem em poesia.
Elas me envolvem em poesia.
Uma escritora.
Quem sempre serei.
Até mesmo,
Quando papel e caneta
Já não existirem mais em meu alcance.
Até mesmo,
Quando papel e caneta
Já não existirem mais em meu alcance.
Uma escritora.
Por refúgio à uma alma alvoroçada.
Uma escritora,
Por amor, que alvoroço algum
É capaz de refugiar.
Por refúgio à uma alma alvoroçada.
Uma escritora,
Por amor, que alvoroço algum
É capaz de refugiar.
Hoje, o Ser Escritor(a) completa três anos. Três anos de blog. Uma vida pela escrita.
Parabéns à mim, por nunca ter desistido do blog, apesar de deixá-los às moscas de vez em quando, mas esse espaço sempre será meu maior refúgio.
Parabéns à mim, por nunca ter desistido do blog, apesar de deixá-los às moscas de vez em quando, mas esse espaço sempre será meu maior refúgio.
E obrigada à você, sim, você mesmo, meu leitor, por ser o principal motivo pelo qual nunca desisti. Cada comentário (conforme os poucos que consegui colocar na imagem), demonstra o quanto é importante receber esses comentários de vocês. E olha, já tive diversos negativos também. Isso é normal. Mas sempre que sinto que devo desistir, vou na pasta Leitores do meu e-mail, e sinto-me renovada por essa força maravilhosa que vem de vocês.
E se você estiver sentindo a vida pesar mais uma vez sob seus ombros, apenas persista. Insista. Mas nunca desista. Nunca se sabe onde suas atitudes te levarão. Assim como, nesse momento, penso em algo que sempre me invade à mente: E se eu tivesse desistido do blog?
Provavelmente, não teria conhecido pessoas maravilhosas, que mudaram minha vida para sempre. Por isso, sempre mantenho comigo meu mantra: Persista. Insista. Mas não desista. O pior que pode acontecer, é você atingir além daquilo que havia imaginado.