31/03/2014

As facetas da indiferença!

“O amor está mais perto do ódio do que a gente geralmente supõe. São o verso e o reverso da mesma moeda de paixão. O oposto do amor não é o ódio, mas a indiferença...” – Érico Veríssimo

Entre todos os sentimentos possíveis, a indiferença é o pior deles. Talvez, pelo fato de não ser exatamente um sentimento. É um nada, perdido no vazio de um peito cansado de sentimentos demais. Cansado de amar demais. Cansado de odiar demais.
A indiferença que mais nos afeta, diretamente, é aquela que sentimos no lugar onde já existiu amor. Reencontramos alguém que em um passado, tanto amamos, mas naquele momento, seu rosto aparenta ser apenas mais um. Um mero conhecido, que na realidade agora desconhecemos. Não existe mais nada ali. Todo o amor dedicado, apenas faz parte de um passado, aparentemente distante, mas fazia pouco mais de quatro meses. Toda a raiva do abandono, dissipada, como se nunca tivesse acontecido.
Nada.
É triste, e estranho ao mesmo tempo, não conseguir sentir mais nada. Nem por nada, ou ninguém. A única coisa que sempre resta, é escrever sobre o assunto. Isso não é relembrar. Isso é apenas tomar mais lições de vida. Tudo o que vivemos a cada instante pode servir de lição, só depende da sua percepção de vida, e ter maturidade o bastante para enxergar isso. Simples assim.
A indiferença é a linha tênue que separa o amor da raiva. Pode não ser o melhor caminho, mas muitas vezes é menos angustiante do que permanecer no eterno amor e ódio. Uma hora cansa, e saber parar de dedicar qualquer tipo de sentimento a quem não é merecedor, é bem mais aliviador.
Muito mais, pode acreditar.
Já dizia Anatole France: “Preferia sempre a loucura das paixões à sabedoria da indiferença.” Será mesmo?
Mas, a indiferença que me intriga não é essa. Não, não. Deixar de amar para o nada sentir não é algo que torture. O duro mesmo, é ver a indiferença de pessoas boas diante de situações ruins. Daqueles que não conseguem sentir, independente da situação. Isso sim é intrigante. Não conseguir estender a mão para quem caiu, não impedir aquele que derruba.


P.S.: Este não é um texto para fazer sentido. É para ser sentido. 

30/03/2014

Renascimento/Classicismo - 1527/1580

 O Classicismo, também conhecido no Brasil como Quinhentismo, surgiu na época do Renascimento (que prevalecia na Europa nos séculos XV e XVI). O Renascimento foi conhecido desse modo por representar uma época em quem a Europa estava passando por um grande processo de mudança política, cultural e econômica. Apresentava características individualistas.
Entre os fatores que levarem essa mudança para a transição ao Classicismo, está a Reforma Protestante (do Martinho Lutero, que a gente sempre aprende no fundamental escolar), e a Contra-Reforma, o movimento da Igreja em resposta ao de Martinho.  A invenção da Imprensa naquela época, ajudou a disseminar o trabalho artístico literário para mais pessoas.
 As principais características que o Classicismo apresenta, são:
--> Universalismo: os temas subjetivos (pessoais), foram deixados de lado, e a preocupação maior era com o que era universal. Como os sentimentos humanos;
--> Racionalismo: a predominância da razão sobre os sentimentos humanos. Todos os sentimentos eram controlados pela razão;
--> Humanismo: A libertação dos dogmas da Igreja, quando o homem começa a ver a si mesmo no centro da Universo, e não mais a Deus.
O Classicismo também foi marcado pela presença do Barroco (1580) e o Arcadismo (1756), e buscava o equilíbrio, pureza formal e o rigor. Os aspectos culturais da Roma e Grécia antiga eram valorizados.
O Classicismo em Portugal teve início por volta de 1527, com o escritor Sá de Miranda (o qual acabara de retornar da Itália), e de lá trouxera ideias para novas formas de se fazer arte. Esse período teve seu fim em 1580, com a morte de Luís Camões.
Obra por Botticelli. 

O Classicismo literário, no geral, voltaram suas ideias para o fato de que a razão deveria prevalecer, desprezando tudo o que fosse particular. Foi aí que surgiu o soneto de 14 versos decassilábicos, em que sua distribuição era feita em dois quartetos e dois tercetos.
Os artistas que mais tiveram influência nesse gênero, foram:
--> Luís de Camões: Com sua obra Os Lusíadas, onde ele contava sobre suas aventuras em alto mar, se tornando um grande nome de reconhecimento entre os classicistas. Sua obra fez tanto sucesso, que, ao agrado do rei de Portugal da época (D. Sebastião), recebia uma quantia anual por sua obra. Mesmo assim, ele ainda viveu na pobreza.
Seus poemas apresentavam como fundo a história de Portugal.
Camões conseguia transmitir à seus sonetos, a divergência entre o amor material, pela carne e o desejo, como também o amor puro.
--> Fernando de Sá de Miranda: Sua escrita poética era baseada tanto no novo modo de escrever, quanto no velho. Escreveu uma tragédia sobre Cleópatra, e comédias.
--> Antônio Ferreira: Foi um discípulo de Sá, autor do poema As décadas da Ásia.
--> Dante Alighieri: Ilustre autor de A Divina Comédia. Esse poema, o qual possuía mais de 14.000 versos, foi dividido em três partes: O inferno, O purgatório e O paraíso, e representava a descida do homem há cada um desses, antes de alcançar o Paraíso. Obviamente, o que é mais polêmico sempre faz mais sucesso, então a descida ao Inferno é a parte mais conhecida do poema até hoje (dizem que na época de lançamento, seu impacto foi tão grande que muitas pessoas se converteram ao cristianismo, tentando evitar o Inferno descrito por Dante).
--> Leonardo da Vinci: Conhecido por suas até hoje famosas, pinturas. Considerado até hoje um gênio, Leonardo foi um excelente anatomista, engenheiro, matemático, músico, inventor, escultor e arquiteto. Sua pinturas apresentavam a figura humana retratada em sua perfeita forma, temas religiosos, ou até mesmo cálculos matemáticos.
Seus principais trabalhos foram: Gioconda (a famosa Mona Lisa), Retrato de Músico. Seu trabalho científico mais conhecido foi o Homem Vitruviano.
Projetou uma cidade, e algumas invenções (como a máquina voadora).
--> Michelangelo Buonarroti: grande escultor, tendo iniciado sua carreira como aprendiz. Suas principais obras são: Afrescos do teto da Capela Sistina, A Criação de Adão, Retratos da Família Médici, etc.
--> Sandro Botticelli: Um dos mais importantes artistas do Renascimento Cultural. Italiano, e desde jovem já demonstrava um grande talento para a arte. Entre suas obras mais famosas, estão O nascimento de Vênus, O Castigo dos Rebeldes e o Inferno de Dante.

Pequena nota: na literatura italiana da época, era comum ouvir-se falar em comédia e tragédia. 
A simples diferença entre esses gêneros, é que a tragédia era destinada à realeza, com uma linguagem mais formal.
Já a comédia, era o que caía no gosto popular, com uma linguagem bem mais simples.

25/03/2014

| RESENHA | John Green - Cidades de Papel

[Imagem retirada do blog Psycho Books. Acesse: http://www.psychobooks.com.br/]

John Green. Provavelmente em alguma página da internet você já viu ou ouviu em conversas paralelas com os amigos sobre esse novo autor que agora debuta com um dos seus melhores livros no topo de Best Sellers mais vendidos pela New York Times. Sim! É ele,o conhecido João Verde nas internets.
Eu já li A Culpa é Das Estrelas, e posso fielmente dizer que ele é um escritor muito bom, do qual a minha narrativa se assemelha muito a maneira de como ele escreve e descreve as coisas.
Com TFIOS (The Fault is in Our Stars)sendo um sucesso, ler Cidades de Papel seria o caminho para um amor platônico por John Green e seus romances adolescentes. Mas será que Cidades de Papel tem toda essa carga pra ser o próximo sucesso de John Green? Está no mesmo nível que TFIOS? Mesmo vendendo muito, será que é tão bom assim?
Mas só vai saber,se continuar lendo essa resenha.

Sinopse:
"Em Cidades de papel, Quentin Jacobsen nutre uma paixão platônica pela vizinha e colega de escola Margo Roth Spiegelman desde a infância. Naquela época eles brincavam juntos e andavam de bicicleta pelo bairro, mas hoje ela é uma garota linda e popular na escola e ele é só mais um dos nerds de sua turma.
Certa noite, Margo invade a vida de Quentin pela janela de seu quarto, com a cara pintada e vestida de ninja, convocando-o a fazer parte de um engenhoso plano de vingança. E ele, é claro, aceita. Assim que a noite de aventuras acaba e um novo dia se inicia, Q vai para a escola, esperançoso de que tudo mude depois daquela madrugada e ela decida se aproximar dele. No entanto, ela não aparece naquele dia, nem no outro, nem no seguinte.
Quando descobre que o paradeiro dela é agora um mistério, Quentin logo encontra pistas deixadas por ela e começa a segui-las. Impelido em direção a um caminho tortuoso, quanto mais Q se aproxima de Margo, mais se distancia da imagem da garota que ele pensava que conhecia."
[FONTE: Skoob. http://www.skoob.com.br/livro/330717-cidades_de_papel]

Começando pelos aspectos físicos, o novo romance de Green deixa um pouco a desejar, ou pode ser amplamente caracterizado como um livro simples. Praticamente com a mesma quantidade de páginas que A Culpa é das Estrelas, Cidades de Papel segue com 366 páginas de puro romance adolescente, paperback simples e lançado no ano de 2013 pela editora, tão aclamada e queridinha dos best seller, Intrínseca. 
- Uma coisa que eu não gostei muito de ter visto, é que logo na capa, logo abaixo do nome do autor, estar escrito: Autor de A Culpa é das Estrelas. Acho que nem preciso dizer que isso é uma das melhores/piores coisas que se pode fazer para um autor, pois mesmo que TFIOS foi um sucesso, não significa necessariamente que esse novo livro será. Isso acaba desenvolvendo uma ideia falsa nas pessoas que compram apenas porque gostaram de TFIOS, não porque querem aprofundar nos novos livros do autor e tudo mais.
Uma das melhores coisas porque assim a Editora ou whatever lucra mais com a venda dos livros :)

Deixando o blá blá blá de lado,e partindo pro interessante, um pequeno grande resumo das minhas conclusões após ler Cidades de Papel:

De certa forma, os livros do Green me despertam um interesse a parte por literatura jovem, e romances adolescente, e de certa forma o John sabe dosar o romance nos seus livos, dos quais já li praticamente todos que ele escreveu. Em alguns como O Teorema Katherine, ele deixou um pouco a desejar.
Voltando... ele soube dosar bem em Cidades de Papel, o que me fez adorar um pouco mais o livro. Apesar se ser um best seller para uma história clichê, onde você vai desvendando tudo que irá acontecer ao decorrer, sem ler, ele soube driblar bem essa ideia em Cidades de Papel.
Para alguns, essa leitura pode ser um pouco demorada, ou cansativa, uma vez que em certos pontos do livro, ele aborda coisas desnecessárias, além de ter personagens nada reais, ou com atitudes irreais.
- Eu Gusttavo, não faria nada do qual fora feito durante praticamente todo o livro, e duvido que alguém faria...
No geral, Cidades de Papel me agradou bastante, mas a tradução da Intrínseca deixou um pouco a desejar, uma vez que eu lio mesmo em inglês e me pareceu fazer sentido coisas que eu português eu fiquei meio que: WHAT THE FUCK? O.o
Se você já vem de A Culpa é das Estrelas, vai dificilmente perceber a semelhança, mas se continuar a ler John Green, como Will e Will, Deixe a Neve Cair, O Teorema Katherine e Quem é Você, Alasca? vai entender do que estou falando. Todos seus livros são parecidíssimos, e você acaba perdendo aquele feeling que tinha quando acabou de ler o primeiro livro dele, seja ele qual for.
Ele me despertou de uma certa maneira um feeling de pesquisa, já que cidades de papel na real, era um termo usado antigamente pelos cartógrafos (que fazem mapas), uma vez que eles punham uma cidade fictícia em seus mapas para assim ficar mais visível o plágio por outros cartógrafos.

Finalizando, eu gosto de Cidades de Papel, e entre outros livros que li dele, é um dos meus favoritos que eu queria muito ter lido antes ou nem lido A Culpa é das Estrelas.

Saraiva: R$ 23,90 [De: 29,90]
Livraria Cultura: R$ 29,90
Fnac: R$ 23,90 [De 29,90]

John Green | Intrínseca | 2013 | Papers Towns | 366 páginas | ISBN: 978-85-8057-374-9 | 


[Valores consultados dia 25 de março de 2013]

22/03/2014

Não foi suicídio! Parte 2


Acordei com o coração batendo mais forte. O suor em minha testa escorria pelas maçãs de meu rosto. Nada daquilo não passara de um pesadelo.
Vesti uma roupa qualquer, e prendi as madeixas no topo da cabeça. Cabelão só dá trabalho.
- Filha! Você precisa vir aqui. Tem umas pessoas querendo falar com você. - Minha mãe sussurrou, batendo levemente na porta de meu quarto.
- Já vou. - gritei, indo escovar os dentes.
***
- Quem é? - perguntei, aparecendo no balcão da cozinha.
- Sou o delegado Miller. - respondeu um homem baixo e grisalho, com brilhantes olhos verdes. - Este é o policial Ribeiro, encarregado pelos suicídios ocorridos nos últimos dias.
- Eu não estou entendendo. - disse eu, esfregando os olhos. - Quais suicídios? Não me lembro de nenhum nos últimos dias.
O delegado franziu o cenho, parecendo confuso.
Então, me entregou um jornal dobrado.
Oh, não! Era o mesmo jornal do meu pesadelo. Mas a foto da menina caída parecia bem pior. Meu corpo foi tomado por um intenso arrepio.
- Me desculpem. - disse, engolindo em seco. - Pensei que tivesse sido um pesadelo.
- É normal sonhar com algo assim. Você ainda deveria estar em estado de choque. - Disse o policial Ribeiro, tirando da bolsa outros três jornais, entregando-os à mim.
Todos apresentavam na primeira capa uma matéria sobre alguma jovem que havia se suicidado.
Todas tinham a mesma idade, cabelos longos e armados, e foram encontradas com as roupas amassadas.
- Uau! - Exclamei, achando incríveis aquelas coincidências.
- Todas aconteceram nos últimos dias? - perguntei, curiosa.
- No mês. - respondeu o delegado, ficando ao meu lado. - Esses suicídios aconteceram em uma ordem cronológica. O primeiro, foi dia 2 desse mês. O segundo, sete dias depois. E os outros suicídios vêm ocorrendo a cada sete dias, com o mesmo padrão de garotas. Mas em todos os casos, o último foi o único em que uma testemunha estava olhando para o lugar de onde havia se jogado. Não para o corpo. Mas para cima. - Ele fez uma pausa, concluindo seu pensamento, e continuou. - Você foi a única que percebeu que não havia sido um suicídio, mas um crime planejado. O que queremos com você, Belina, é que nos ajude a pegar esse assassino em série, antes que outra garota seja pega por ele.
Fiquei boquiaberta, sem saber o que dizer. Pelo visto, eu teria um problema enorme nas mãos.
Mas havia uma coisa que não se encaixava: Como eu poderia saber da manchete do jornal antes dela ter sido publicada?

18/03/2014

Resenha - Suicidas

Editora: Benvirá
Autor: Raphael Montes 
Título: Suicidas 
Ano de publicação: 2012
Onde comprar: Saraiva 
Skoob: Suicidas
Site do autor: Raphael Montes
Comecei a ler este livro sem muitas expectativas. Uma amiga havia lido e praticamente me intimou a ler também. Ela me emprestou sem que eu pedisse e disse que eu não me arrependeria. Bem, essa minha amiga é extremamente sincera, e quando ela diz que um livro é ruim, não hesita em tacá-lo na parede e gritar que é ruim. Então, já que ela estava afirmando o contrário, não pude deixar de dar uma espiadela no conteúdo de Suicidas.
Só não pude imaginar que essa amiga poderia estar tão correta. Há mais ou menos 1 ano e meio, não leio nenhum livro que me prendesse da forma como ocorreu com Suicidas. Para vocês terem uma ideia, quando estava chegando nos últimos capítulos, simplesmente não consegui sair de casa ou fazer outra coisa a não ser terminar de ler este livro genial, com direito a final surpreendente, onde tudo se esclarece, mas uma nova dúvida fica no ar: será o autor um personagem, ou o personagem o autor?

A história do livro: "Um porão, nove jovens e uma Magnum 608. O que poderia ter levado universitários da elite carioca – e aparentemente sem problemas – a participarem de uma roleta-russa? Um ano depois do trágico evento, que terminou de forma violenta e bizarramente misteriosa, uma nova pista, até então mantida em segredo pela polícia, ilumina o nebuloso caso. Sob o comando da delegada Diana Guimarães, as mães desses jovens são reunidas para tentar entender o que realmente aconteceu, e os motivos que levaram seus filhos a cometerem suicídio. Por meio da leitura das anotações feitas por um dos suicidas durante o fatídico episódio, as mães são submersas no turbilhão de momentos que culminaram na morte dos seus filhos. A reunião se dá em clima de tensão absoluta, verdades são ditas sem a falsa piedade das máscaras sociais e, sorrateiramente, algo muito maior começa a se revelar."

 De forma instigante e misteriosa, o livro começa com Alessandro nos apresentando ao Cyrille's House, onde ele e oito amigos vão, na intenção de se suicidarem. Cada um tem um motivo para querer cometer o suicídio, mas há um motivo muito maior por trás. Então, desde o início, já sabemos que todos eles irão morrer (ou será que não? haha). Mas o que precisamos descobrir, são os motivos que os levaram a isso.
Um ano após o ocorrido, a delegada que está cuidando do caso, Diana Guimarães, reúne todas as mães dos jovens, para trazer à tona uma nova pista que poderá ajudá-los a solucionar este caso: um caderno, onde o personagem principal, Alessandro, conta em primeira pessoa, tudo o que estava acontecendo no porão aquele dia, morte após morte, até nossos olhos se voltarem para a única mente psicopata possível, o que descobrimos no fim, estar completamente errado.
Durante o jogo no porão, descobrimos grandes traições, a ganância e falsidade por trás das pessoas.
Questões sérias são abordadas, como o estupro, homossexualidade e ganância, o que nos leva a refletir até qual ponto uma pessoa é capaz de chegar para conquistar aquilo que deseja.
* imagens retiradas do facebook do autor 

Hoje é a primeira vez que pisaremos em Cyrille's House sem a presença dos nossos pais. Também não poderia ser diferente. Não estamos indo para brincar no balanço ou nadar na piscina enquanto nossas mães conversam sobre a última moda em Paris. Desta vez, iremos por algo muito mais sério: Nós decidimos nos matar. 
Notas: A história é contada em quatro narrativas, por assim dizer: a do caderno, em tempo real com o que estava acontecendo; a gravação da reunião de mães na delegacia; a narrativa normal pelo Alessandro, apresentando fatos ocorridos antes da tragédia, e por último, as cartas no final, que revelam cada detalhe que estávamos curiosos a salientar.
Leiam esse livro, garanto que não se arrependerão. Eu, como fã de um bom romance policial, posso dizer que este livro foi um dos melhores que já li. É interessante e intrigante a forma como o autor consegue prender nossa atenção do início ao fim.

Pontos positivos: Amei o livro por inteiro, mas tem duas coisas que me fizeram ficar falando desse livro por dias com minhas amigas. Um deles, é a data de publicação do livro. Isso só quem já chegou na penúltima página do livro vai entender, mas ela tem uma forte relação com o que está acontecendo dentro da história, o que a torna mais realista.
O outro ponto positivo, foi a forma como o autor se fez presente dentro do livro.
Isso é para poucos, e Raphael Montes conseguiu com grande exito. Agora, vamos esperar a estreia de Dias Perfeitos (novo livro do autor), para nos deliciarmos um pouco mais com esse jovem autor, que certamente, é uma promessa para a literatura policial brasileira.

16/03/2014

"!Não foi suicídio!"

Dimunuí o passo, tentando acompanhar o ritmo de Anabela. Minha amiga era a melhor pessoa do mundo em dar conselhos amorosos, mas uma chata de galocha quando se tratava da própria vida.
- Ai, o Bernardo é tão perfeito. Aqueles músculos, aquele sorriso, aquela bunda... - Depois da palavra "bunda", eu geralmente não ouvia mais nada.
Sim, sou uma doida que gosta de bundas redondas e firmes. Me condene.
- Belina, você não tá prestando atenção. - Ela bufava comigo, sempre que eu entrava em meus devaneios, e não lhe dava toda a atenção que ela gritava por merecer.
- Me desculpe. Bundas me distraem fácil. - Comentei sarcástica, enquanto um sorriso de canto lhe aparecia no rosto, mostrando que já havia me perdoado.
Sentamos em um banco coberto pelas folhas secas da árvore. Não há lugar melhor para passar o tempo e jogar conversa fora do que uma praça qualquer. Algumas crianças brincavam na rua. Um prédio enorme ficava bem à frente de nossa visão.
- Cuidado com o caco de vidro! - ouvi uma criança gritar para outra, subindo na calçada do prédio. Pelo visto, a farra dos meus vizinhos havia sido boa, caso contrário não teriam quebrado tantas garrafas de bebida alcoólica na calçada.
- E o beijo dele, é dos Deuses. - Disse Anabela, concluindo um assunto do qual eu deveria estar prestando atenção.
- Imagino. Você só fala disso. - Contestei, tirando de meu bolso o celular que vibrava.
"Reunião amanhã, 8h. Não se atrase."
Era de minha chefe do Departamento de Recursos Humanos. Ótimo, tudo o que eu precisava era mais uma reunião chata, com pessoas chatas, falando de coisas chatas. Amo meu emprego.
- E o perfume dele é tão gostoso, que... - Ana não parava de falar, e acho que nem tinha percebido ainda que eu não estava mais prestando atenção no que falava.
O sol praticamente ofuscava minha visão, mas olhei para o topo do prédio, como um caçador procurando sua presa. E foi ali que eu a encontrei. Uma jovem de cabelos longos e armados. Sua roupa amassada mostrava que passara longas horas dormindo, mas havia algo em sua expressão que me intrigava. Ela se aproximava mais da janela de seu apartamento, e tive a sensação de que aquilo não acabaria bem.
- Não! - Foi o meu grito silencioso ao ver a jovem se jogando da janela. Levantei-me no mesmo instante, correndo até o prédio. Ela se contorcia toda no ar, parecia não querer um fim tão dramático.
Seu corpo encontrou o fim no chão quando ela caiu sob os cacos de vidro da calçada. Olhei para baixo, e vi seu corpo inerte e ensanguentado. Olhei para cima, e encontrei um homem com a barba por fazer, e um grande sorriso de satisfação a lhe brincar a face. Ela não havia se jogado sozinha...
- Ei, olha isso! - Exclamou Ana atrás de mim, com uma expressão atônita no rosto. - Leia a primeira página.
- Tomei o jornal em minhas mãos, enquanto rostos curiosos apareciam para verem o que havia acontecido. A primeira página trazia uma grande notícia:
 "Jovem se suicida em Prédio no Centro da Cidade, e tem seu rosto ferido por cacos de vidro." 
Que título mais sem graça, mas arregalei os olhos ao ler aquilo. Havia uma foto grande que acompanhava a manchete. O corpo da menina, ela caída de bruços, com cacos de vidro para todos os lados. Ao lado do corpo, se encontrava uma garota de costas, olhando a cena. Aquela bunda eu reconheceria em qualquer lugar. Era a minha.
E a data de publicação do jornal, era a do dia seguinte...

10/03/2014

Humanismo

Estou super atrasada com os movimentos literários. Criei uma agenda para o blog mês passado, mas por causa de uma postagem atrasada (seria uma entrevista com um escritor brasileiro, enviei as perguntas, mas estou aguardando as respostas até hoje, haha), acabei atrasando tudo.
Gosto de escrever sobre esses movimentos literários, pois sei que os usarei no vestibular, ENEM, na escola, e também como conhecimento. Então, chega de enrolação (sempre faço isso), e vamos conhecer um pouco sobre o fascinante e intrigante Humanismo.
A Europa passou por grandiosas transformações no final da Idade Média.
Sua economia mercantilista (agricultura) perdeu a importância que mantinha, para o surgimento de outras atividades.
Uma nova classe social surge, a burguesia, a qual era composta por mercadores, comerciantes e artesãos, desafiando ao poder da nobreza. O espírito medieval da sociedade, passa a se desestruturar. Diante de tal avanço, o homem passa a perceber o quão influente pode ser no destino de sua vida, começando a acreditar que pode construir seu futuro.
O que era até então um misticismo medieval, acaba por perder sua força, e o antropocentrismo toma o lugar do teocentrismo.
Os humanistas difundiam uma ideia de que os valores de cada indivíduo, bem como seus direitos, deveriam sobrepor-se ao que era imposto pelo estado.
Em suma, o humanismo foi um movimento cultural em que, além do estudo de autores greco-latinos, transformou o homem em um "objeto" de conhecimento, trazendo à ele a importância dentro do grandioso contexto do Universo, sem desvalorizar (não muito) o supremo Deus.
Gil Vicente foi um dos humanistas mais conhecidos. Manifestações teatrais pré-vicentinas, eram tidas de caráter religioso ou profano, chamadas de mistério, milagre e moralidade.
Mistério: constituíam cenas da vida de Cristo, com centenas de figurantes participativos.
Milagres: encenações de situações dramáticas vividas por santos.
Moralidades: Representações em que personagens alegóricos personificavam vícios e virtudes.

Os Autos eram peças teatrais, em que seu assunto principal era a Igreja. 
Os Autos de Gil Vicente mais conhecidos, são: Auto da Alma, e a Trilogia das barcas (Auto da Barca do Inferno é o mais conhecido). 
Também existiam as farsas, que eram peças cômicas e curtas, baseadas em situações cotidianas. A Farsa de Inês é uma das obras mais influentes do humanismo. 
Existiam também as poesias e prosas. 
Na literatura, tiveram os autores italianos maior influência, sendo os que mais se destacam: 
- Dante Alighieri, autor de Divina Comédia;
- Petrarca, autor de Cancioneiro e   
- Bocaccio, com Decameron. 

Podemos denominar assim, o humanismo como uma ideia que surgiu durante o Renascimento, e coloca o homem no "centro da Terra", ou seja, no centro de seus próprios interesses. 


07/03/2014

Ser escritor: Saindo do "sedentarismo" literário

Sou o tipo extremamente preguiçosa para escrever. O que soa um tanto irônico para alguém que tem um blog sobre "Ser escritor" (hahaha, comentários a parte).
O que quero dizer é que, em meio à atribulação de tarefas cotidianas, ir para o serviço (enfrentar duas horas de trânsito, o que poderia ser bem aproveitado se não fosse o sono), estudar, atividades por fora, cursos, casa, etc, etc, etc; acaba se tornando cansativo manter uma rotina de escrita.
As vezes só sobra um pequeno tempo antes de ir dormir, mas muitas vezes não é bem aproveitado, não é mesmo?
Enfim, minha dica hoje para vocês, escritores (e para mim mesma), é de como enfrentar o sedentarismo literário.
Sabe quando você tem muitas ideias em mente, quer tanto desenvolvê-las logo, passar para o papel... mas simplesmente, vive na síndrome do "amanhã eu faço"? É, meu caro, sei muito bem como é isso, mas já estou revertendo essa situação.
Venha comigo, e deixe de preguiça e do famoso "não tenho tempo".

  1. Quem quer, arranja tempo. Quem não quer, arranja uma desculpa. Tá, isso é pra lá de cliché e você já deve ter ouvido tanto isso em sua vida, que já deve estar bem fixado em sua mente. Ok, você sabe que quando quer algo, arranja tempo nem que seja de madrugada. Mas será que essa mensagem está bem fixada mesmo? Pense um pouco no que você deseja escrever. Assim como eu, você pode trabalhar e estudar ao mesmo tempo, e ter tempo para tirar um cochilo só no ônibus. Sim, é cansativo ter milhares de coisas a fazer, mas quando é por um objetivo maior (lançar um livro), ou satisfação pessoal (o simples prazer de ter escrito), vale a pena se esforçar um pouco a mais para atingir aquilo que deseja; 
  2. Escreva um pouco todos os dias, mas aumente umas linhas a mais sempre que puder. Comece escrevendo o quanto achar que consegue diariamente. Pode ser uma folha inteira, cinco páginas, ou sei lá, cinco linhas. A quantidade não importa tanto, mas é necessário ter em mente que vale mais você escrever poucas linhas todos os dias, do que pular semanas sem abrir o caderno/bloco de notas e depois querer fazer tudo de uma vez. Vá com calma; 
  3. Questão de tempo: você sabe que se respirar não fosse automático, você nem teria tempo pra isso. Seus dias são corridos e realmente não sobra nenhum intervalo pra nada. Bom, isso é um engano. Sempre temos algum tempinho que, sem que percebamos, acabamos desperdiçando com algo sem tanta relevância. Tente cortar 15 minutos que fica na internet, e se concentre em escrever alguma coisa. Se parar para pensar, mesmo nos mais corridos dos dias, sempre gastamos um pouco de tempo com algo que nem é tão importante assim; 
  4. Se livre de uma vez por todas do pensamento "amanhã eu faço". Nada de deixar para depois, sem essa. Se for deixando para amanhã, se passarão anos e você não terá terminado de escrever ainda. O melhor tempo para se escrever, é sempre o agora. Que tal começar? 
Lembrando que essas não são "regras" para se escrever um livro. Acredito fielmente que um livro só pode ser escrito se forem dedicadas à eles muitas horas de pesquisa, escrita e paixão. Mas para quem acredita não ter tempo, é uma boa começar a perceber que, o tempo está aí, basta saber utilizá-lo. 

03/03/2014

Entrevista: Raíssa Muniz

Olá, queridos leitores! 
Para os mais antigos que me visitam (bem mais antigos mesmo, pois faz tempo que não faço nenhuma postagem do tipo), sabem que eu "costumava" fazer algumas entrevistas com jovens escritores brasileiros, para divulgar seus trabalhos. 
Com o tempo, acabei ficando sem tempo (ou com preguiça mesmo) para procurar alguns autores para vocês conhecerem. 
Bem, decidi há um tempo retornar com esse projeto, mas desta vez com algo diferente: será um escritor, e um blogueiro escritor mensalmente. A nossa convidada especial do dia, para abrir com chave de ouro a categoria "blogueiro escritor", é a Raíssa Muniz, do blog 45 dias de Reabilitação. Conheço-a à mais de um ano, e simplesmente amo o blog dela. 
Nesse espaço, ela posta textos genialmente escritos por si, suas experiências de vida, e incentivos para jovens que, assim como ela, sonham em se tornarem médicos. 
Apenas aos 15 anos de idade, residente do Piauí, Raíssa apresenta uma maturidade avançada, além de um grande repertório cultural. Quer saber mais sobre essa garota incrível? 
Confira a entrevista que ela nos concedeu ;) 

S.E.: Em primeiro lugar, gostaria de lhe agradecer por aceitar participar desta entrevista. Acompanho seu blog há mais ou menos um ano, e sou uma grande admiradora sua.
R.M.: Eu que agradeço a oportunidade. Sinto-me muito feliz em participar desta forma do Ser Escritora e admiro muito o seu trabalho.
S.E.: Como surgiu o 45 dias de Reabilitação? Pode contar-nos um pouco da sua história?
R.M.: O 45 dias de reabilitação surgiu através de um desafio que coloquei e tentei cumprir: o de, durante 45 dias, tentar mudar minha vida, de todas as formas - saúde, relações pessoais, estudos e etc. No fim, consegui seguir os 45 dias e postei o balanço no blog. Hoje, faço vez ou outra novos ciclos de 45 dias. Isso se tornou uma maneira mais motivadora de superar as próprias adversidades, pois muita gente participa enviando mensagens de motivação.

S.E.: O que a motiva a cada dia a concretizar o seu sonho de ser médica, e escritora?
R.M.: O que me motiva a realizar o sonho de ser médica e escritora é a própria possibilidade de atuar nessas duas áreas, que sempre foram as meninas dos meus olhos.
S.E.: Já tem algum projeto de escrita para ser encaminhado para alguma Editora? Pretende no futuro publicar um livro?
R.M.: Sim, tenho um projeto pronto, mas não sei se vou enviar para alguma editora, porque tudo é muito burocrático. Quero lançar por conta própria, se for preciso. E sei que isso vai demorar (é caro, pelo que já pude acompanhar de colegas que lançaram). Tenho alguns livros escritos (ficção fantástica, contos, crônicas...), mas prefiro guardar o material, que só publiquei uma vez - virtualmente. No futuro, pretendo fazer algo melhor, levando os anteriores como base.
S.E.: O que lhe dá inspiração para a escrita?
R.M.: O cotidiano. Um escritor aproveita todo instante para montar uma nova estória ou roteiro. Qualquer ideia ou frase ajuda a montar um bom livro. Não assim, de uma forma jogada, mas como uma semente. É só você saber plantar que com certeza terá bons frutos. Também uso a música como inspiração (rock clássico, rock nacional e música clássica). A música clássica, principalmente. Toco teclado/piano e também tenho aulas de violino, por isso me sinto muito bem quando o ambiente traz melodias que já toquei nas aulas.
S.E.: Se fosse possível, mudaria algum fato que já aconteceu em sua vida?
R.M.: Se fosse possível, mudaria vários. Minha infância não foi uma coisa que lembro morrendo de alegria, mas me ajudou a crescer como pessoa. Se possível, eu tentaria crescer de uma outra forma para evitar algumas coisas que passei quando criança.
S.E.: Com apenas 15 anos, você já passou em 6 cursos para Universidades Federais. Sua família lhe apoia bastante?
R.M.: Minha família me dá muito apoio, desde pequena. Principalmente minha mãe, mas minhas tias/tios e meus avós sempre me dão gás para estudar. Sempre me dizem que sou capaz.
S.E.: Como você lida com toda a pressão do vestibular de Medicina?
R.M.: Eu já andei mais "na linha". Hoje eu tento voltar ao que era antes, mas é bem difícil equilibrar a peteca depois que ela já caiu uma vez. Não coloco muita expectativa no vestibular de medicina - não mais. Hoje quero apenas aprender tudo que me ensinam na escola e no cursinho, da melhor maneira possível. Aprovações são consequência.
S.E.: Se puder dar algum conselho para quem deseja ser escritor e/ou médico, o que diria para essa pessoa não desistir de seu sonho?

 R.M.: Bom, eu diria para nunca parar de sonhar. Quem quer ser escritor e/ou médico sempre vai ouvir de alguém, alguma vez na vida, que não vai conseguir. Pra quem quer ser médico, porque é difícil passar, se manter no curso, manter a vida depois de formado. Pra quem quer ser escritor, porque vai passar fome, não dá futuro, é profissão de quem veio de berço de ouro ou não vai fazer sucesso (e, no Brasil, a maioria só reconhece um escritor quando este faz sucesso, escreve o que a massa quer. Mas o que seria a massa?) Eu já ouvi muito isso, principalmente na questão da escrita. Hoje já sei o que quero. Quando você tem bons motivos e realmente quer algo, aceitar ou não opiniões assim é o de menos. A gente complica muito. Pra passar em Medicina você só precisa estudar até dominar a maioria dos conteúdos. Você tem como fazer isso, é estudando. Sabe o que fazer, tem os meios. Muitas vezes não faz por falta de organização. Com a escrita, é o mesmo. Você precisa estudar muito, sempre, saber o que se passa no mundo e saber se expressar. Não é só escrever um enredo, publicar e virou escritor, mas também não é algo impossível. Nas duas situações, contudo, você precisa ter noção das dificuldades que vai enfrentar. Na saúde pública, na vida que vai mudar e na dificuldade para se firmar, no caso de um escritor. Viver de escrita - exclusivamente - no Brasil é muito difícil. É importante sonhar, mas é necessário ver a realidade e trabalhar com o que tem para contorná-la.