02/02/2014

Trovadorismo

Em época de volta as aulas, a última coisa que você pode querer é ter que estudar, certo?
Errado, hahah. Aproveitar é ótimo, mas aprender algo todos os dias é sempre bom (ainda mais se você não fechou o ano passado com chave de ouro, e precisa se dedicar mais esse ano), sem necessariamente enfiar a cara nos livros. Farei uma série de postagens sobre movimentos literários, desde seu primórdio, até à literatura que encontramos hoje.
Não sou nenhuma expert no assunto, então fiz um breve resumo com as principais características do primeiro movimento do qual falarei: Trovadorismo. 
Pode-se dizer que foi a primeira manifestação literária da Língua Portuguesa. Teve seu surgimento durante o século XII, Idade Média, época em que Portugal teve seu despontamento como uma nação independente e o Feudalismo predominava. 
A hierarquia da sociedade era dividida em: 
Povo: população maior em numeração, mas menos importante; 
Clero: Ricos pelas posses de extensões territoriais; 
Nobreza: Detinham o poder das terras. 
Eles possuíam uma visão de mundo Teocentrista (Deus no centro da terra), e não se podia tentar passar de uma classe para outra, pois isso era considerado ir contra as vontades de Deus. 
Focando mais no Trovadorismo em si, aquele que fazia as poesias na época, era chamado de Trovador, e as poesias feitas por si deveriam ser cantadas, sendo denominadas, portanto, cantigas. 
Considera-se como marco inicial, a Canção da Ribeirinha, por Paio Soares de Taveirós. 
Os principais autores são Dom Duarte, Dom Dinis, Aires Nunes, Meendinho, João Garcia de Guilhade e Paio. 
As cantigas podem ser divididas em Satíricas e Líricas, sendo pertencentes ao primeiro grupo: 
- Cantigas de Maldizer: São sátiras diretas e explícitas. Em alguns casos, eram utilizados palavrões e o nome da pessoa a qual era direciona poderia aparecer. Eram criticados cidadãos ou pessoas ilustres. 

"Meu senhor arcebispo, and'eu escomungado 
porque fiz lealdade; enganou-me o pecado! 
Soltade-m, ai senhor, e jurarei, mandado, 
que seja traëdor. 
Se traïçon fezesse, nunca vo-la diria; 
mais pois fiz lealdade, vel por Santa Maria, 
Soltade-m, ai senhor, e jurarei, mandado, 
que seja traëdor. "

- Cantigas de Escárnio: As críticas ocorriam indiretamente, sem citar o nome da pessoa direcionada. Os cidadãos eram os alvos dessas cantigas. 

"Ai, dona fea, foste-vos queixar
que vos nunca louv[o] em meu cantar;
mais ora quero fazer um cantar
em que vos loarei toda via;
e vedes como vos quero loar:
dona fea, velha e sandia!..."
E pertencentes ao grupo das Líricas se encontram: 
- Cantigas de amor: o trovador coloca em destaque todas as qualidades de sua amada, mas ele está numa posição inferior à dela (geralmente, elas eram ricas donzelas, enquanto eles, pobres vassalos, o que tornava o amor praticamente impossível para ele).

"Ai eu coitad! E por que vi
a dona que por meu mal vi!
Ca Deus lo sabe, poila vi,
nunca já mais prazer ar vi;
ca de quantas donas eu vi,
tam bõa dona nunca vi. "

- Cantigas de amigo: Aqui o eu-lírico é uma mulher, embora os homens fossem os autores destas. Amigo, naquela época, tinha o mesmo significado que namorado ou amante. A mulher se queixa pela falta que seu amado lhe faz. 

"Ai flores, ai flores do verde pinho
se sabedes novas do meu amigo,
ai deus, e u é?
Ai flores, ai flores do verde ramo,
se sabedes novas do meu amado,
ai deus, e u é?"

E para finalizar, um vídeo para compreender melhor ao assunto. 
P.S.: Sei que assuntos como esse podem ser chatos para alguns, então só farei posts do gênero à cada duas semanas. 
À todos, um ótimo mês de Fevereiro. Que muitas surpresas boas venham pela frente. 

6 comentários:

  1. Olá, Juliana. Gostei do post, confesso que tinha uma ideia semelhante, mas com certeza vou visitar aqui sempre para lembrar dos movimentos literários.
    É incrível como o Trovadorismo era tão sincero! Hoje em dia a gente luta para poder falar da mesma maneira, sem esconder os nomes, quando antigamente já faziam isso. Engraçado essa volta ao tempo, né?

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    1. Oii! Acho esse um dos movimentos literários mais interessantes que já estudei, haha.
      Obrigada ;-)

      Abraços.

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  2. olá conheci o blog hoje sempre quis escrever um livro só que nao tenho ideia nen inspiraçoes suficientes ainda espero encontrar aqui.. alias adorei o post esperarei anciosamente as duas semanas

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    1. Oii! Seja bem-vinda, espero que goste das futuras postagens. Pretendo escrever algo sobre inspirações e escrita futuramente *-*

      Abraços.

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  3. Eu ando muito triste e é nessas horas que escrevo escrevi um conto chamado ainda espero uma flor tem um final triste mas só o final o resto é comedia e misterio me inspirei em clarice lispector,em alguns textos liricos,na arte comtemporania, e em bandas de rock como Paralamas do Sucesso,Legião Urbana,Titãs e Beatles entre outras...gostei do blog é simpatico aguardo proxima postagem bjs...

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    1. Olá, Anônimo! Muito obrigada <3
      A escrita alivia a alma, é sempre um bom refúgio ;)

      Abraços.

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