28/01/2014

Mulherzinha o cacete!

Abri a janela do meu quarto, e fui direto para a cozinha. Minha carteira estava jogada no armário, como todas as outras coisas que eu esquecia de guardar. Organização nunca foi meu forte, e eu não faria questão de mudar isso tão cedo. 

Puxei o trinco da porta, e a maçaneta caiu no chão. Estava apressada, arrumaria isso depois. Peguei minha moto, e dirigi ferozmente pela avenida movimentada. Não demoraria a escurecer. Desviei de alguns carros que vinham em minha direção. 


- Tinha que ser mulher! – ouvi alguns machistas gritando. 


Que grande falta de sexo! Pensei, acelerando um pouco mais. Não estava afim de morrer, só de mostrar a eles que eu poderia conduzir uma moto melhor que muito marmanjo por aí. E fazia isso na maior classe possível. 


Parei na frente da balada. Nada como uma noite dançando e bebendo para aliviar dos problemas da vida. Procurei um banco livre próximo ao balcão do bar. Minha calça colada delineava as modestas curvas de meu corpo magro, enquanto minha blusa de bolinhas apresentava um decote simples, mas provocante. Do jeito que eu gosto. Nunca precisei de vulgaridade para ser sexy. 


- Posso lhe pagar uma bebida? – um homem de estatura mediana e barba malfeita, gritou atrás de mim. Seu sorriso nos lábios e olhar matador me diziam que se eu aceitasse a bebida, teria que pagar mais tarde. E não seria com dinheiro. 

- Não, obrigada. – gritei de volta, indiferente. – Eu trabalho pra pagar o que consumo!
- Você é mulher, gaste seu dinheiro com um batom novo. – respondeu ele, se aproximando mais de meu cangote. – Vamos, deixe eu te pagar só uma bebida. 


Empurrei ele com meu braço direito, e me refugiei na pista de dança. Ali pelo menos ninguém iria me incomodar. Comecei a dançar loucamente. O problema não é meu por dançar mal. É de quem está vendo isso. 


Começou a tocar minha música eletrônica favorita. As luzes piscavam e um globo ocular brilhava no teto. A fumaça descia pelo chão e cobria meu corpo inteiro. Era difícil enxergar, mas quem precisa ver alguma coisa quando o som está agitado? Fui para um canto descansar um pouco. 


Muito fuzuê e pessoas se agarrando para o meu gosto. Pensei em voltar para o bar e pedir um whisky com muito gelo, mas meu medo é que o machista da cantada ainda estivesse lá. 


- Ei, moça! – gritou outro, vindo em minha direção, cambaleante. – Quer... arg... dançar? – ele semicerrava os olhos e soluçava.
- Não é minha praia! – respondi, tentando me desviar de suas mãos suadas.
- Você é a areia do meu cimento. – disse ele fazendo um biquinho. Senti seu hálito nada agradável se aproximando de mim. - Me dá um beijinho.


Deslizei no banco e saí por baixo de seu braço. O rapaz merecia o prêmio de pior cantada do mundo, e eu merecia um banho gelado e esquecer aquela noite doida. 


Saí da balada. Estava irritada!

Round 3. 
Procurei minha moto, acabei esbarrando num carro cinza e quase fui de encontro ao chão. Ouvi risos atrás de mim, e o que parecia ser o dono do carro, disse: 

- Tinha que ser coisa de mulherzinha mesmo. – exclamou um garoto baixinho e raquítico, fazendo seus amigos babacas rirem. 


Virei para ele, com meu olhar matador estilo Carrie e gritei: 


- Mulherzinha o cacete! – levantei a mão, e sentei um tapa no rosto dele. Descontei nele o que queria ter feito com os outros. Ele cai no chão, com a mão massageando o local do tapa. 


Peguei minha moto e fui para casa, esgotada de tanto machismo por um dia, enquanto o rapaz se levantava, com a marca de meus dedos em sua pele clara.

8 comentários:

  1. Hahahahahahaha, "mulherzinha o cacete!" Gostei! Esse mereceu o tapa! Bom, não sei se a história é real mas gostei bastante! Que povo mais machista, em!? Odeio machismo! E realmente, pior cantada! Credo, "areia do meu cimento" que isso? hahaha!
    Muito bom esse texto.

    Beijos, Ru.

    http://ruanablog.blogspot.com.br

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    1. Hey, Ru, haha! Não é "real" tecnicamente... mas parando para pensar, é o que acontece diariamente com muitas mulheres. Vi a cantada no google e pensei: Não há nada mais cantada de "pedreiro" do que isso, kkk.

      Obrigada,

      Beijos.

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    2. Entendi, achei que fosse real. Mas parando pra pensar é mesmo, né!? Hahaha. Mas gostei muito!

      Beijos, Ru.

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    3. Hehehe, então né, mais real do que podemos imaginar :c

      Beijos.

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  2. Adoro essas mulheres decididas que deixam esses homens babacas no chinelo! :)

    Um beijo,

    http://www.algumasobservacoes.com/

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