Eu procurei por muito tempo uma felicidade que não me pertencia, um sorriso que não cabia em meus lábios; um contentamento que tampouco seria meu. Procurei, rastejei, perdi as bases, os enlaces e escapes. Queria ser feliz. Feliz! Saberia eu o que seria felicidade, ao menos? Suspirei, extasiada. Meu pouco conteúdo vinha de gente como eu, que há tanto procurava sanar tal dúvida e despejava seus horrores em uma folha de papel. Escritores: seria esse o nome? Despejadores solícitos? Horrorizados por seus próprios algozes? (Sufocados?)
Enternece-me saber que alguns não tão longos anos me unem (por que separariam?) de minha essência da escrita. Eu disse essência? Não permita que eu minta assim, tão escancarada e descaradamente em sua face, leitor. Essência é o rudimentarismo, os maus instintos (mas afinal, o que seriam os bons?) e as más ações. Escrita é convenção, é evolucionismo, expressão por meio de um código. Essência é ruim, essência é outra coisa.
Certa vez li, aos 11 anos, um poema de Mário Faustino, escritor piauiense que desde a minha pré-adolescência me acompanhou como um dos meus maiores ícones da literatura da minha terra. Apesar de tudo, saltavam as contradições. Mário tem um gosto peculiar para falar daquilo que a maioria de nós prefere deixar de lado: a morte. Temê-la? Abraçá-la? Conviver normalmente ou simplesmente filosofar que “a vida é uma vela acesa”?
Ah, são tantas as opções! Para um bom leitor, contudo, meio verso basta. A outra metade é o de menos. Fica por nossa conta; se a interpretação for errada, pouco importa para quem sente! Poesia é sentida, vivida, identificada, encostada como cigarro quente naquela ferida que nem mesmo terminou de fechar. Abre, pode ter certeza que abre. Mas a dor faz do momento uma experiência mais vívida, um fator a ser aprendido com mais veemência.
Felicidade deve ser algo assim, meio parecido com a tal da dor. Encostam um cigarro quente na sua ferida e, pápuf!, abriu. (Aliás, desculpem-me o mau uso da onomatopeia — faltei muitas aulas de português no primário.) A diferença, creio eu, seja na recepção. Na primeira situação, a reação imediata é reclamar. Sentir a dor, apreciá-la com ódio e amor, quase como um desenhista abstrato corre o lápis após um momento de fúria. Na segunda, a reação é observar. E observando, mesmo com toda a dor — a abertura sem pudor da ferida — você se sente bem, vívida; livre.
Afinal, por que tanto ensaio, tanto rebuscamento? Por que tanta complicação? Felicidade também é uma forma de dor, tal qual dor também é uma forma de felicidade. Ambas vivendo em seus lados opostos, mas sobrevivendo com a mesma essência (lá se vem a história da essência de novo). Felicidade impulsiona, dor impulsiona. Felicidade exalta, dor também exalta. Felicidade às vezes dói (como saber se era verdadeira?), dor às vezes também faz muita gente feliz (como saber se era mesmo prejudicial?). Sigo a filosofia de que “todo mal vem por um bem”. Os acontecimentos estão aí, o que difere felicidade de dor é a tal da essência. Que partindo daquele velho princípio, ainda é um tanto ruim.
Minha opinião: O texto foi escrito pela Raíssa Muniz, do blog 45 dias de reabilitação.
Gosto desse blog pois a escrita da autora é similar a minha (à certo ponto), e também por ela (a autora) ser bem similar a mim no quesito estudos, rs.
O que acho é que a felicidade é muito relativa, mas antes de mais nada, uma questão de escolha.
Quando algo ruim acontece, é natural que nos sintamos desamparados e sozinhos, mas podemos analisar a situação de outra forma e chegarmos a conclusão de que aquilo aconteceu para que ganhássemos experiência e conhecimentos.
A felicidade, a meu ver, é apenas uma questão de como as pessoas reagem em situações ruins.
Existem aqueles que ficariam mal por terem errado, mas felizes são aqueles que conseguem tirar proveito de sua própria infelicidade, encontrando ali uma pontinha de felicidade.
E para você? Qual seu conceito de felicidade?