30/12/2012

Capítulo 4 - Parte 2

No capítulo anterior: 
Cada quarto tinha 5 habitantes, sendo que 4 já se encontravam ali quando eu cheguei. Eu era a última. Como sempre, a “atrasada”.

Capítulo 4 - A nova escola - Parte 2 



- Ah! Mais uma! – disse uma loira alta, entortando o lábio. – Eu sou Joanne. Faço questão de que aprenda meu nome, embora eu não vá ficar aqui por muito tempo.
- Já vai embora, Jo? Mas o ano letivo mal começou. - disse uma morena de cabelos lisos em uma voz melosa e enjoada. 
- Sabe, Penny, quando eu olho para você percebo que a inteligência está cada vez mais rara. Infelizmente, no seu caso, inteligência passou longe. – disse Joanne. – O que eu quis dizer é que minha mãe arrumará um quarto para mim lá em cima.
- Oh, a minha também!
As duas saíram, dando risinho bobos.
- Escolha uma das três camas, já que as princesinhas vão para o quarto Premium. – disse uma morena, de pele negra e cabelos cacheados. Seus olhos eram incrivelmente verdes. – Oi, sou Ellen. – ela disse, acenando em minha direção.
- Eu sou Nicole. – uma loira de cabelo repicado e estilo rebelde disse, enquanto pegava um caderno de capa preta e sua escrivaninha.
Ela sentou-se delicadamente na cama, colocando as mãos nos joelhos.
- Então, conte-nos sobre você.
- Você não é delicada demais para o estilo rebelde?
- É um coisa estranha. – ela respondeu, pensativa. – Eu tenho essa aparência mas sou delicada. Minha irmã tem aparência delicada, mas é uma pessoa dura... vai entender. – ela concluiu. – Mas você ainda não respondeu minha pergunta. Fale-nos sobre você.
- Não tenho muito o que dizer. – respondi, hesitando um pouco. – Nunca conheci meus pais, e, até ontem eu morava com dois adultos que eu acreditava serem meus avós, mas na verdade não eram...
- E ainda diz que não tem nada de interessante a contar. – resmungou Ellen.
Eu lhe deu uma piscadela e olhei ao redor do quarto.
As malas das duas estavam ali, mas as minhas não... aquilo era muito estranho.
- Procurando algo?
- Minhas malas, não as vejo por aqui.
- Devem ter errado de quarto. Não se preocupe. Nenhuma mala nunca sumiu por aqui.
- Hum! – eu exclamei, um tanto insegura, olhando pela janela para o lado de fora. – Ei, por que tantos alunos novatos, como nós, estão chegando na escola, se ela estará de férias em 20 dias? Alguma de vocês saberia responder?
- É claro que sim! – Nicole logo se prontificou. – Quando saímos do Ensino Fundamental, logo somos encaminhadas para a escola. Sendo ela muito grande, temos muitas matérias mágicas somos enviados para cá alguns dias depois da formatura, e antes do encerramento do ano letivo, para que possamos nos adaptar. Hoje ocorre a inauguração dos andares Premium.
- Então, a vantagem dele é que os alunos que nele morarem ficarão... sozinhos?
- Basicamente, sim. Mas existem outras vantagens também como o tob...
- Conseguimos! – anunciou Joanne, adentrando o quarto. – Meninas, estamos deixando vocês.
- Yes! – Ellen exclamou, baixinho.
As duas pegaram suas malas, e saíram rebolando.
- Pelo visto, só sobraram vocês duas, meninas. – anunciou a monitora que eu vira lá fora, anunciando sobre os quartos Premium. – Ah, oi! – ela exclamou, só agora notando minha presença.
- O que quis dizer com “só sobraram as duas”? – perguntou Nicole, dando vozes aos meus pensamentos.
- Oh, sim! – ela exclamou, conferindo a lista. – O quarto ficou apenas para as duas, já que três das habitantes do quarto conseguiram quartos Premium. Mas não se preocupem, logo novas colegas lhes serão enviadas.
- Não, você está enganada! – exclamou Nicole. – Nós somos em três.
- Acho que esqueci de avisar, mas o quarto Premium da Senhorita Dolman já está reservado.
- Reservado?! – exclamei, estupefata. – Mas por quem?
- Essa é uma informação a qual não possuímos acesso.
- Mas eu não quero deixar este quarto. Não gosto de ficar sozinha.
- Você não pode mudar. – a moça falou, seriamente. – Como o valor a ser acrescentado já foi pago, você não tem como mudar.
- Mas deve ter um jeito...
- Não. – ela disse, firme. – Não sou eu quem constrói as regras. Eu apenas as sigo. Agora, queira acompanhar-me, fazendo um favor.
- Mas...
- Não me faça chamá-la outra vez! – ela exclamou, autoritária.
- Acredite, quando a Mary insiste em uma ideia, ela não desiste! – afirmou Nicole. – Não é mesmo mana? – ela lançou uma piscadela para a monitora, ou melhor, Mary.
- Então, tchau meninas. – disse eu,  me dando por vencida.
- Até qualquer outra hora. – disse Ellen, parecendo desapontada por me ver sair.
Eu realmente não queria ir embora. Durante alguns minutos eu senti que tivesse irmãs...
Ok, sem neuras.
Eu havia acabado de conhecê-las, me ver separada delas não seria algo assim tão ruim.
Acompanhei Mary. Algumas garotas saíam, afinal, ainda era de manhã.
Eu consultara meu relógio: 08h45.
Acho que o tempo passara rapidamente e eu nem havia me dado conta disso.
O caminho parecia longo demais, mas estava melhor do que aquele túnel com cheiro de esgoto que eu havia passado como caminho para o colégio.
Pelo menos meu caminho atual tinha mais ar... e eu não sentia-me tão presa quanto antes.
O primeiro corredor acabara agora.
Quando chegamos ao fim, duas novas portas se encontravam. Nós entramos na da esquerda.
Uma enorme escadaria se apresentava ali.
- Você se importa se eu fizer uma pergunta?
- Você acabou de fazer, e eu não me importei. - ela respondeu, dando de ombros. - Além do mais, estou aqui justamente para isso: tirar dúvidas e orientar.
Ela poderia ter dito apenas sim. Pensei, tentando me concentrar na pergunta que eu queria que fosse feita.
- O que havia naquela outra porta?
Ela me olhou de esguelha, como se eu tivesse tido a oportunidade de fazer a pergunta perfeita, mas havia desperdiçado.
- Um elevador. – ela respondeu, sutilmente.
- E por que não vamos por ele? - eu perguntei, deixando a preguiça falar mais alto. 
- Andar faz bem, até mesmo para nós. – ela respondeu de modo seco.
Das duas uma: Ou ela agia daquele modo o tempo todo, ou não havia simpatizado comigo.
Aquela escola realmente era imensa, pois estávamos andando no segundo corredor há alguns minutos e o fim parecia não chegar nunca.
- Então, você está aqui há muito tempo? – perguntei, tentando puxar assunto.
- Se você considerar dois anos muito tempo. – ela respondeu, secamente.
Nós já tínhamos chegado no andar Premium.
Ela ergueu uma chave no ar, que foi parar na fechadura de uma das portas.
- Muitos novatos não sabem disso, mas aqui não é necessário procurar pelos quartos. – ela me informou. – Essa é uma das funções da chave.
- Espera! – eu disse, tentando assimilar a nova informação. – Além de abrir portas as chaves daqui também tem por função... encontrar qual porta deve ser aberta?
- Pensei que tivesse deixado isso claro! – ela respondeu, lançando-me um olhar irritado.
Não respondi nada. Ela não é o tipo de pessoa com quem eu gostaria de comprar uma discussão.
Entrei no meu novo quarto.
Era, obviamente, menor do que o anterior, mas tinha um espaço interno bem agradável.
Uma cama que ficava no meio do quarto. Não tão perto da porta nem da janela.
Consultei meu relógio de pulso. Ainda era cedo. Passava em poucos minutos das 9h00, não que isso tenha grande importância.
O dia continuava bonito lá fora.
Minhas malas estavam ao lado da cama. Parecia tudo em ordem.
- Obrigada por me trazer até aqui, ah...
- Me chame da Mary Anne. – ela disse. – E essa é apenas a minha obrigação. – ela falou mecanicamente, se virando para sair da sala. – Seja bem-vinda à escola!
Após dizer isso, ela saiu.
Ela me parecia o tipo de pessoa a qual sentimentalismo não lhe convinha.
Sentei na cama, indecisa se abria as malas naquele momento, ou se esperava para aprender a fazer isso com mágica.
Seria muito mais interessante, embora eu ache que demoraria demais para isso acontecer.
Abri primeiro a mala de livros.
Na escola havia uma biblioteca, então muito possivelmente eu não usaria os meus.
Fechei-a e coloquei embaixo da cama, junto com as outras malas de livros.
Abri uma mala com sapatos e guardei-os em um espaço apropriado dentro do guarda-roupas.
Em seguida, abri todas as malas com roupas, indecisa de onde as organizaria.
Após decidir e guardá-las, me joguei na cama, cansada.
Arrumar o quarto era sempre uma atividade cansativa para mim.
Ao lado da cama estava um criado-mudo.
Abri sua primeira gaveta. Parecia o espaço ideal para guardar algum livro.
Ia fechá-la, mas percebi que algo estranho acontecia.
O fundo da gaveta parecia solto.
Abri-o.
O espaço era pequeno, mas parecia perfeito para guardar o diário de Sarah Dolman. Abri todas as malas. Eu havia guardado o diário no fundo de uma das malas de roupa e não me lembro de ter tirado-os.
Revirei todas as malas mas nada encontrei.
Até que a verdade se abateu sobre mim? Eu havia perdido o diário de Sarah Dolman.

2 comentários:

  1. - Você acabou de fazer, e eu não me importei.

    kkkkkkk, essa Mary Anne ainda vai dar o que falar, kkkkkkkkkkkk
    A Natalie está ferrada agora que ela perdeu o diário, espero a continuação, beijoooosss

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    1. Olá Mari, realmente as coisas não ficarão tão bem... ou quem sabe fique? Rs, muitas surpresas aguardam,

      beijoos.

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